quinta-feira, outubro 30, 2008

Preciso de silêncio. Preciso ficar ali, quietinha, assistindo televisão do seu lado ou fazer coisas tolas, enquanto o dia vai passando...
Não consigo ficar quieta, ou deixar meus pensamentos quietos, estou sofrendo de uma ansiedade com a qual jamais convivi... Ela me aperta, não me deixa respirar e sinto a aceleração do pensamento, antecipando as coisas e fazendo com que o dia se torne monótono, quase ridículo.
Vou me enganando com prazeres momentâneos, utilizo drogas nada convencionais; elementos sensoriais que me façam acalmar e deixar que uma calma aparente se avizinhe: os paladares que me trazem algum prazer, os cheiros que me trazem sensações familiares, as visões que às vezes não tenho tempo de ver...Elementos sensoriais, exatamente.
A vida vai me apertando ali e aqui, e vou me ajeitando como posso. As pessoas me decepcionam, isso é verdade, mas nem por isso, deixo de amá-las ou de procurar suas belezas interiores: talvez seja por isso que às vezes, na iminência de abandonar as minhas causas e princípios, eu volte atrás e reconsidere, por achar que a beleza do ser humano não está perdida. E precise sempre de estímulos, precise sempre de valorização.
Não consigo ficar quieta e crio um silêncio artificial, para que possa ali me esconder de meus pensamentos acelerados, para que possa sonhar com a simplicidade infantil, aquela de uma ilusão tão bobinha, tão fácil em conseguir proezas, naquelas em que a gente consegue voar se usar asas de papel...
O caos do trânsito me sufoca, as pessoas em volta me enlouquecem, me fazem fenecer, as cobertas me espremem e consigo dormir apenas, depois de contar prá mim uma estória feliz pela décima vez.
Talvez, nessas horas de ansiedade e confusão, a gente seja tentado a cometer loucuras e excessos, talvez seja por isso que as pessoas se tornam corajosas demais, talvez digam o que não podiam dizer, façam o que não tem costume de tentar, talvez fujam de suas vidas, de seu país, de sua realidade.
Eu só queria ficar ali quietinha do seu lado, não falar nada, e talvez minha ansiedade passasse.