quarta-feira, maio 18, 2005

La voix du bon dieu

Ônibus lotado.Manhã fria e desencorajadora daqueles que deveriam estar listados em alguma brecha do Código Civil como relativamente “incapazes sui generis” ou até quem sabe, numa lei trabalhista, seria algo mais ou menos assim:

Art.3.São considerados relativamente incapazes para o exercício de quaisquer atividades, funções e/ou vínculos empregatícios antes das 8(oito) horas:

I-os insones que precisam dormir 10(dez) horas, estando ou não sob efeito de drogas lícitas.
Parágrafo único. Salvo quaisquer outras disposições, os citados no referido inciso, assumirão com maior produtividade suas respectivas funções desde que observado o disposto neste artigo.

Para quem toma remédios para dormir, é péssimo ter que acordar cedo.Dor de cabeça, cara amarrada o dia inteiro,stress no trabalho...Desço no Dique, pessoas praticam cooper,os patinhos nadando, vento assobia, a chuva vai voltar...Pirracenta, ela me faz subir os quase oitenta degraus da Ladeira da Fonte Nova, mas a visão é linda lá de cima: jatos d’àgua lançam raios furtacor sobre os Orixás entronizados em grandes estátuas, o Dique revela tons de verde, reflete os barcos, os pedalinhos para casais apaixonados, baiano malha sossegadamente, tudo parece em harmonia lá de cima. Sem muito fôlego, ainda encaro duas ladeiras, ufa!Manhã fria, mingau de milho verde, que delícia! Todo mundo em torno do Tabuleiro, policial, médico,brau , camelô, velho,mendigo, jovens, todo mundo junto, comentam quem matou e quem morreu.Esquenta o espírito do baiano em frente ao mais ilustre de nós, uma reverência ao imortal Rui Barbosa, repousa no Fórum; nos dá nobreza e inspiração.Tudo entupido,pessoas descrentes, cartórios em balbúrdia, pessoas carentes_ moça bonita, compre um halis, assim me ajuda a sustenta meus fio- engravatados, descamisados,casamentos, testamentos. Subo a´te o quinto andar.Biblioteca, poderia morar lá: um tantão assim de livros, raridades,quietude, “paz forçada”, trégua das línguas viperinas dos “colegas de profissão”.Encontro Luciana, uma mulher sofrida, mais cheia de vida, um belo exemplo, sonha em ser cantora, ensaia nos sábados, sustenta sozinha dois filhos, é gentil e solícita, quem dera a bibliotecária fosse assim(argh!).Ela me felicita pelo concurso, diz para eu aparecer mais, enquanto imprimo alguns Editais.Lú me acompanha até a porta, até o elevador, até o ponto, até breve.Pego outro “busú” até o Campo Grande. Desço pero do Hotel da Bahia, uma rua de canto perto da ANVISA, dá pra ver o mar... Ele está bravio,irado.Meu grane azul se transforma num velho sombrio e aterrador tendo ressaca.quando avança nas rochas, derruba limites, são como socos que uma pessoa magoada dá em alguém.Ele parece dizer “porque você não vem aqui agora?”, eu hein...É melhor a gente se ver num dia de sol.Vou estudar com um colega.Música francesa, casa cheia de tias com suas porcelanas antigas, móveis pesados, promessas para Nosso Senhor do Bonfim.Senhoras que andam contra o tempo, cheirando à lavanda inglesa,cuidando de suas plantinhas como crianças. Acaba a sessão de estudos.Almoço.Despeço-me do colega e já que estou lá, porque não cometer a maluquice de só caminhar?Teatro Acbeu, Instituto Ghoethe,Corredor da Vitória...Ah, eu tenho tão boas lembranças daqui...Ruas tranqüilas,gente bonita,gente de todo o canto do mundo,residentes da UFBA,marinas em alguns prédios.Começa o toró...Xii, acabou-se minha sobremesa.Mas, reparei que não tinha nada que pudesse sofrer dano com a chuva.,não dei a mínima, continuei a andar.Bittersweet simphony.Comecei a ouvir, mentalmente.De tênis vermelho, abrigo,calça jeans, não era aquela figura elegante de tailleur e scarpin.Só queria sentir a chuva, os pingos, não tava nem aí...Naquele “non sense” de andar na contramão das pessoas, você as vê melhor, explora suas reações, um prazer diferente: algumas riam, outras balançavam a cabeça enquanto procuravam se abrigar, outras diziam piadas... E o pior, eu estava ainda com o guarda-chuva do lado, fechadinho da silva; diferente do cara do The Velvet, eu não parecia aquela pessoa que acabou de tomar uma garapa de limão sem açúcar, eu tava rindo..Aquele sorriso de canto, sabe?Cínica mesmo.Ah, minha Bahia linda!Minha mãe nêga, só você para me encorajar a fazer essas “pivetagens”.Peguei o ônibus ensopada, fui até o escritório,séria, “não dá para se confiar só no guarda-chuva, amanhã eu venho atender”, cruzo os dedos.
P.S: existem dias que você precisa fazer algo mais por você mesmo.Não fique muito tempo trancado dentro de um escritório, dizendo que não dá tempo, faça seu tempo, não perca a chance de fazer “algumas maluquices saudáveis".

quarta-feira, maio 04, 2005

Capítulo III


No fim da tarde, recebo o bendito telefonema “Larissa, o resultado saiu, o pessoal já tomou uma decisão e pode arrumar as malas que você vem para São Paulo!”. Pulei, gritei, dei um chute no armário, parecia o Jim Carrey dando chilique, e nem percebi que todos estavam me olhando...O cara do outro lado, querendo pegar meus dados, dar as coordenadas, e ainda me disse que eu tinha ganho outros prêmios que eu nem tinha notado!!!Ninguém acreditou, por isso recebi aqueles insossos cumprimentos da galera do escritório.Apesar de não estar falando com minha mãe, estava tão feliz, que liguei para ela e disse “mãe, vou para SP, vou para o VMB!”.Ela também, não acreditou.Nem eu estava!Só que no outro dia eu teria que ir até o setor de Marketing da filial aqui na Bahia, para assinar um termo de acordo, pegar as coordenadas de embarque e regras de participação.Mas, eu tinha entrevista no outro dia!E agora? Dei um jeito de agendar isso para tarde e comparecer à entrevista pela manhã (aliás, foi um sufoco para mim, pois não tinha idéia de quanto eu ia andar, foi uma Maratona).Com o término da entrevista, ainda surgiu a proposta de irmos logo ao local de trabalho, que era um sindicato, para avaliarmos o grau de dificuldade da tarefa.Preocupada com o tempo, eu queria mesmo era logo o meu prêmio, pois toda hora estava voando tão alto, quanto os aviões que decolavam perto da baía de todos os santos...Terminada a reunião, agendados os turnos de atendimento, o advogado com o qual hoje trabalho, me deu carona até o Empresarial Iguatemi e, peguei um táxi até a “Empresa”, onde conheci a Carol, que me passou as regras e vi listados além de passagens ida e volta para Sampa, estadia no hotel classe econômica, cem reais para refeições e um aparelho celular novo em folha!!!Ela me deu os parabéns e assinei com gosto a cessão do direito de divulgação.Pensei: será que eu não seria uma boa publicitária?Afinal, eu adoro criar nomes, inventar frases, por que diabos eu não fiz isso?”.Tanto isso era verdade, que aquele ambiente do setor de Marketing, me fascinava, eu me sentia tão bem, tão motivada a produzir.Descobri mais uma frustração, a de não ter investido numa Faculdade de Comunicação com ênfase em Publicidade e Propaganda.
Fui para casa com a felicidade de embarcar no dia 5 de outubro, rumo ao VMB...Hehehe..

terça-feira, maio 03, 2005

Só para expulsar os demônios...

"And I saw the black angel
with the darkest smile I´ve ever seen
runnin´ fast into a car crash
taking out my latest breath
felt my broken glass heart
and how miserable I am
trought his eyes, all the joy melt into gray
those pretender clever young minds
are his favorites carachters
into his play
And I saw him
nearly, so close to me "


Escrevi isso quando quase ia morrendo de acidente de moto. A poesia não está completa.

À minha querida Anne

Fico sem escrever porque não tenho um computador em casa, muita gente reclama comigo, mas agora que estou perto da Faculdade eu vou tentar postar, se é que ainda lembro como se faz...Passei por um período de transição muito grande na minha vida, a famosa hora que vc grita "pare o mundo que eu quero descer"...Ter suas verdades contestadas, alguns de seus valores destruídos e pouca auto-estima podem ser determinantes para colocar você numa posição nada agradável perante a vida.Daí, as pessoas por falta de orientação, comodidade, amizade e até mesmo suporte da família acabam cometendo maluquices, como o escapismo em sua dose mais letal: o suicídio. Não se preocupe querido leitor, eu não tentei o suicídio, mas entrei numa de querer me exterminar aos poucos, porém fui advertida por mim mesma, quando encontrei em minha essência amor próprio.Não, a auto-estima não é a prima pobre da hipocrisia, como uma vez eu ouvi dizer. Na verdade, ela é a mãe da esperança, da realização, do amadurecimento, enfim, não é hipocrisia você amar a você mesmo com suas falhas, defeitos e tentar, numa atitude nobre evoluir, fazer com que eles se abrandem.Certa vez, tive uma experiência fantástica de receber um conselho de que deveria ponderar sempre minhas atitudes, não ser exagerada, nem recalcada.Este conselho, que já vai fazer quase dois anos, tem realmente me ajudado a enxergar as coisas de modo diferente.Posso ser muito criticada por ser chamada de idealista, utópica, etc., porém, se todo raio de sol fosse apagado não haveria luz aqui na terra; se todos nós nos curvarmos perante a violência, a mentira, o egoísmo e a mesquinhez ou até mesmo perante a mínima sacanagem que fizerem contra nós, estaremos sendo burros, mal-educados, sendo apenas o reflexo de uma atitude que tiveram em relação à nós e que nos desagradou tanto, que iremos contribuir a ponto de cedermos em nossa mea culpa pelo atraso do ser humano.
Terminei de ler um clássico que sempre tive vontade de ler: O Diário de Anne Frank e depois que você lê o livro, percebe que você é tão pequeno em seu universo egoísta e que a grandiosidade do espírito humano só morre quando você assina em baixo de certas "merdas" que você faz-perdoem-me o termo , mas é porque é preciso dizer assim-e que hoje, apesar de tudo que existe de ruim, as pessoas já sofreram mais, você tem tanto, enquanto outros nada tiveram, nem mesmo a liberdade, nem mesmo o direito de ter seus sonhos...
Minha querida Anne, onde você quer que você esteja, não esquecerei sua força, seus sonhos,seus ideais.Obrigada por me tirar da depressão, por ser minha amiga durante os dias de tormenta.