sexta-feira, dezembro 30, 2005

Então o ano acaba. E você troca de agenda, revê as coisas que planejou, as coisas que não deram certo, outras que você e nunca imaginou que acontecessem...
Eu sou uma pessoa de esperanças e sonhos, jamais os perco apesar de causarem alguns dissabores, as metas ou planos que você traça para sua vida são indispensáveis.Uma pessoa sem sonhos está morta, como Neruda mesmo dizia.
Este ano, resolvi fugir das coisas nas quais tenho segurança; quase que como uma mistura dos personagens do professor de Corrente do bem e daquele de Jack Nickolson em " As good as it gets" eu tinha rotinas e manias que eram como se fossem um sentido de ordem, segurança, quase que como um mecanismo, um sistema que não apresentava falhas e o vi cair por terra quando vi que o " absoluto" que tanto combati na época de faculdade, agora era ostentado pelo meu modo de viver...Eu andava pelos mesmos caminhos, comia nos mesmos lugares, futucava as mesmas feridas,ou seja tudo num eterno rotineiro, tão militar...Nunca pensei de ser assim.
Então resolvi soltar as rédeas...Ver se se eu andasse por outra rua seria tão ameaçador como eu pensava ...E quebrei várias das minhas concepções, acabei com meus dogmas, mas nunca esqueci meus princípios.
Realmente nada é absoluto, e o nada continua sendo tudo ou parte do nada.
Bem, caro leitor, fantasmas que lêem este blog, não é para entender...Até porque estou desmantelando Kant no centro cirúrgico, difícil opração, e ele está me dando uma noção de como a razão não é pura...
Desejo a todos sucesso, até 2006.
Claro, que vamos construir um mundo melhor e blá blá...não sei por você, mas eu acho que me tornei mais uma pessoa presenteada com o airbag da velhice: a experiência e já não vejo o mundo com os olhos tão assustados.

sexta-feira, dezembro 23, 2005


Na fila para tirar uma foto com Papai Noel, uma mulher adulta, tailleur marrom, meio sem graça, porque as crianças a olhavam com raiva de “pow, tirou minha vez!”.
- Ho, ho, ho, minha filha o que você quer do Papai Noel?
- Bem, eu, eu...
- Pode dizer, eu sei que você acredita em mim...
- Que bom, que o senhor sabe...É... Eu trouxe uma carta para que eu não demorasse...E...
-Não peça alguma coisa e deixe a carta com minha ajudante!
-Pow, Papai Noel, é tanta coisa! E eu não vou ler, não!
-Pense em algo que você deseja muito...

Então eu pensei e disse o que eu tanto desejava no ouvido do velhinho, que se divertia comigo indo lá, no meio de tanta criança... Ele disse que daria um jeito... Mas, não tive coragem de entregar minha cartinha à sua ajudante(uma perua daquelas que fazem tudo para aparecer). Quando já indo embora:

-Esqueceu de levar um bombom, escolha!

Esta é a carta.

Querido Papai Noel


Escrevi uma cartinha para te entregar, mas não sei se o senhor vai ter tempo de ler... Destas eu não faço desde que tinha sete anos e até então, fora algumas derrapadas, tenho sido uma boa menina: mas, nem sempre é bom ser tachada de “ boazinha”, é um cartaz do tipo “ pode abusar que é mosca morta” ou “ free, use me”.

Bem, eu não quero nada material este ano, acho que seria uma afronta pedir qualquer coisa, pois esse ano tive a comprovação de que até se você ganhar algo que deseja muito, sem estar bem nada tem graça...Por isso não quero o Box do Live Aid, não quero aquele sapato novo que paquero faz dois meses, não quero um perfume de Giogio Armani, não quero(mentira...).

Na verdade, eu quero é não ser tão tolerante, tão passiva, tão encarcerada em mim.Não quero calar e consentir com as pessoas que tentam me colocar prá baixo.Desejo ter uma vida normal,com sentimentos normais; não quero carregar um dom que parece um fardo, viver as coisas com tanta profundidade e conhecer tão bem o fundo do poço( por falar nisso,Papai Noel, chama o corpo de bombeiros que tem uma menina chorona presa lá dentro!).
Eu desejo que em 2006 e não só no Natal eu tenha paz.Que eu seja mais desencanada com as coisas da vida, deixe elas seguirem seu curso, fluírem, sem que eu fique preocupada, medindo, pesando, construindo hipóteses inúteis.Eu quero não ter ninguém controlando minha vida, desejo abandonar essas drogas que me deixam dopada, com uma dor escruciante no estômago, tanto que me sinto melhor quando não como.
Desejo aceitar as pessoas como elas são e não como eu gostaria que elas fossem.
Quero poder ter um ano sem tantas lágrimas de frustração, noites insones, clientes mal agradecidos, poder dizer algumas “liberdades” para quem não quer escutar a verdade...
Desejo ter força, pois o preço para conquistar meus sonhos é alto e preciso passar nas provas e provações da vida.

Quero chegar em casa e ouvir “ boa noite, meu amor”, receber cartão de dia dos namorados, ser amada e não me sentir mais uma Bridget Jones da vida em reuniões com dezenas de casais...

Quero tão somente Papai Noel, ser feliz. Não quero ser melhor, nem pior do que ninguém, quero apenas me aceitar, qualquer que seja meu destino( mesmo sabendo de algumas linhas incompletas), quero viver e não apenas existir.

Ps: se o senhor encontrar com a fada dos dentes, aquela que vinha buscar meus dentinhos debaixo do travesseiro, diga-lhe que já fechamos a conta!Agradeça ao meu Anjo da Guarda por ter me salvo umas dez vezes e não ter me deixado fazer nenhuma besteira... Ah! E diga àquele anjo anão, o cupido, que vou enfiar-lhe uma flecha bem naquele lugar!

terça-feira, dezembro 13, 2005

Na sexta fui assistir as crônicas de Nárnia; o leão, a feiticeira eo guarda-roupa. Para falar a verdade, eu sei que haveria algo de errado com o filme...Quando fui folhear o best seller reparei que era muita coisa para um só filme: então tudo ia bem até a parte que o filme dá uma acelerada no enredo(um speedy, falha de adaptação do livro para o roteiro), que antes você via meninos que não queriam nem saber de participar de um esconde-esconde se transformarem em guerreiros decididos a lutar pelo trono e pela paz em Nárnia. Bem, poderia ter sido desenvolvido melhor, mas quando você não tem nem noção do livro a falha é imperceptível. As crianças são cativantes e pela primeira vez, senti mesmo a pureza daqueles filmes que não se fazem mais, aqueles que a bruxa parece ser uma linda rainha e lhe oferece docinhos, quando na verdade ela é cruelmente fria, ainda mais na figura andrógina de Tilda Swinton, que também fez Gabriel em Constantine.Quer saber? Fui mesmo por causa dela, esperava vê-la triunfante e com um papel maior, ela transmite toda a maldade sem se contorcer ou virar uma figura tétrica (como fazem muitos atores em Hollywood que interpretam tão mal os vilões, tornam-se caricaturas em suas carreiras) apenas com sua expressão sombria e seu rosto exótico, perfeita atriz. Eu gostei do filme, esperava mais, porém a trilha, a fotografia é bonita, o figurino da feiticeira é maravilhoso, nada de feiticeira brega cheia de pedrarias e sombra verde, peças modernas e ao mesmo tempo que remetem ao rústico de um reino desconhecido. O leão emociona, até chorei com a pequena Lucy... Já o guarda-roupa parecia mais um confessório do que um guarda-roupa, uma atuação fraca para uma madeira de lei, haha. Conheci uma colega de trabalho na fila do Multiplex, Anete que trabalha no CCAA lá do Bonfim e ficamos todo o tempo trocando figurinhas sobre o que é ensinar e ela até me perguntou se eu já tinha viajado para a Inglaterra ou USA...Sem falsa modéstia esse sotaque é de tanto ouvir meus CDS e “piratex” de artistas de língua inglesa (aliás eu preciso tanto renovar meu estoque de músicas porque com tanta banda nova surgindo, fico louca se não me alimento do som! ).Para confirmar essa minha fama, ao retornar para casa peguei o ônibus, encontrei um daqueles americanos que estão aqui de “missão” e sempre faço a brincadeira sem graça de dizer que sou da Geórgia. Enrolo até conseguir alguma confissão, se não consigo começo a rir e me entrego: não sou norte-americana, mas sou americana, sim senhor! Minha mãe diz “escolhe outro estado, pelo menos”; coisa de menina véia.

domingo, dezembro 11, 2005

Eu quase me senti o Mr. Keating...


Quem assistiu Dead Poets society sabe do que estou falando : para aquele que se dedica a lecionar no incansável dever de compartilhar o conhecimento, vê-lo sob novas perspectivas, acompanhar estrelas que brilharão, ajudar aqueles que têm medo a subir alguns degraus que os levarão à vitória, fazer com que a esperança jamais padeça de cuidados, encorajar a ousadia e educar com amor, tudo isso faz do professor o verdadeiro Mestre. Não aqueles que se conduzem para um Olimpo inatingível com suas teses inaplicáveis e títulos emblemáticos: falo daquele cara normal, da menina sapeca, que passam desapercebidos no tumultuado dia-a-dia, mas que encerram lições maiores e melhores do que o mais sábio dos sábios.Trabalhar para um projeto social é rever conceitos e valores que se perde como profissional e como ser humano; é admitir com a paz e mansidão d'alma que caminhamos para uma evolução, que precisamos de mais humildade e menos egoísmo, que fizemos novos amigos e que ajudamos nossos irmãos a prosperar.Meu presente de natal eu já ganhei: ter trabalhado com pessoas tão maravilhosas e fazê-las sorrir e aprender.
Um de meus alunos veio, pessoalmente, agradecer-me pelo empenho e ao olhar para seu semblante notei lágrimas... Em simples palavras, ele me pedia desculpas por seus colegas, por certas vezes haver dispersão, conversa, coisas de sala de aula, dizia "sentir tanto" por estar acabando e que tudo lhe fora tão especial, que jamais esqueceria dos amigos que fizera, dos professores e de todo o projeto. Senti a gratidão, o respeito, fraternidade e a insegurança de um jovem que temia ser pequeno diante do mundo. Mas, contei à ele que passei pelo mesmo e, que a estrela de todos nós está em algum lugar esperando ser alcançada. Abracei-lhe e disse que ele nunca estaria sozinho, se continuasse a ser um grande ser humano : pois ter o coração sincero é a maior nobreza do que todo o conhecimento.

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Timão, campeão! Mesmo perdendo várias oportunidades de gol e fazendo feio no fim( que coisa feia esse negócio de ficar passando bola quando o time tá perdendo, o adversário querendo jogar, só porque já estava grantido, pow, assim, não dá!).E para meus ilustres colegas: esqueçam essa "misera" de liminar!Tetracampeão!!!

Qualquer semelhança...

Fascinada pela cultura dos povso antigos, principalmente a egípcia e a grega, este post do Gustavo teve que ser copiado!Veja só que Deusaque eu sou, segundo meu nascimento solar: Maat - Filha de Rá, é a Deusa da justiça, da verdade e do senso da realidade. No mundo dos deuses ela ocupa um lugar muito importante. Sem Maat, a criação divina (a Terra e seus habitantes) não poderia existir tudo se afundaria no caos inicial. As características desta deusa são capacidade de observação, senso de justiça e sabedoria para criar harmonia à sua volta. As pessoas nascidas sob sua proteção tem um temperamento simpático e afável, além de um grande senso estético. Usando as suas qualidades positivamente tornam-se famosas e muito queridas. Em geral, essas pessoas têm problemas em fazer escolhas e precisam sempre de opinião dos outros. Para terem sucesso, no entanto é necessário aprenderem a fazer suas próprias escolhas.

domingo, dezembro 04, 2005

Dos vinis que meus pais possuem, um me intrigava mais.Um homem narigudo, com um camisa básica preta num fundo branco, sem efeitos, sem retoques, uma capa que parecia estar viva...Aquele vinil era intocável: meus irmãos adoravam brincar com os discos e crianças manuseando vitrolas são verdadeiros Djs(coitados dos vários exemplares arranhados), ou seja, eu tinha que proteger aquele moço do rosto fino e olhar penetrante, afinal eu adorava todas as músicas daquele bolachão.Tanto que tentei realizar uma façanha: entender tudo o que ele dizia, afinal ele não cantava no meu idioma, eu não sabia se ele estava falando bem ou mal e, uma criança como eu era, não achava certo escutar um cara que fosse do "mal".peguei um velho dicionário do meu tio, comecei a traduzir Instant Karma(vixe...), mas foi piorando:Happy Xmas(war is over), Give peace a chance...Então, conclui que era burra e que jamais entenderia o que ele falava.Desisti.Passou um tempo, entnedi porque eu não entendia tão bem as coisas e hoje eu dou muita risada: querer traduzir letras em inglês cm apenas 8 anos, quando eu nem tinha aulas, era complicado...
O homem que me empurrou para estudar inglês foi o John.Ainda guardo o encarte de uma coletânea que saiu no Brasil depois de seu assassinato dentro da minha Gramática com um papel envelhecido e letras miúdas de uma garotinha que o adorava. As pessoas que me conhecem dirão " ah, mas você não amava o Michael Jackson?", realmente, ele foi uma paixão, e como todas elas fenecem, hoje não vejo minha identidade com ele, lembro dos bons momentos e os revivo.Porém, outro dia quando fui responder um questionário, me deparei com a seguinte indagação "quem seria você no mundo Rock?", realmente eu seria como ele: esnobe, mas adorável( ah, Liam Gallagher, você jamais será assim), político mas ao mesmo tempo sem se envolver com nenhum deles-afinal, você precisa de engajamento, uma causa, e não uma vaga nas casas de poder-romântico, porém rebelde. Ele era aquele tipo do cara que dizia uma frase solta e alguns diziam" é só um hippie que fuma baseado, tudo uma merda" e outros certamente escreveram livros sobre seus pensamentos, afinal, ele mandava mensagens através das cabeças mais eruditas e sarcásticas, porque nem todos tinham a mente arejada para receber suas idéias, nem estomâgo para aguentá-las; dos quatro Beatles ele era o mais original, o que tinha a famosa "atitude" : não era o metódico Macca, nem o psicodélico Harrisson, nem o baterista Ringo, ele tinha seu estilo próprio de compor e não seguia escolas, ele era natural. Apesar de Paul ser considerado um dos maior compositor de nosso século, Lennon suplantou sua imagem com a imortalidade de mártir pela paz com seu famoso bed-in, algo que para mim o colocou num panteão de pacifistas como Gandhi(outro que cito sempre em minhas aulas), ambos librianos, povo tão dedicado ao equilíbrio neste mundo.Toda vez que ouço Jealous Guy tenho a sensação esqusita de um certo companheirismo com ele e lamento sua perda.Não sei se ele era gay, não sei se ele era um obcecado por sua segunda esposa, não sei se ele falava todas aquelas frases impactantes porque ele assimo era, não sei se ele era apenas o hippie maconheiro que destruiu a melhor banda de todos os tempos, não sei o que se passava na cabeça daquele psicopata quando atirou nele...O que sei é que não damos chance a paz, melhor conselho que ele nos deu.Sei que ele queria envelhecer perto do litoral na Irlanda, ao lado de sua Yoko, foi o que ele disse ao compor 64.
I owe it for you, Jonh.