Essa é palavra que mais descreve meu estado atual, aprendê-la em italiano foi por acaso...Eu estava escutando umas daquelas música que só se escuta em cantinas italianas de Sampa, na casa da tia nostálgica ( ah, os bolachões!) ou numa aula da própria língua. O que eu descobri?Que o Brasil é quase italiano e não sabe!Aliás, quantas vezes você não foi numa festa de casamento ou formatura e a banda não tocou "Volare, cantare"?Tudo bem, que tem uma pimenta latina dos gipsy kings, uma releitura, mas, me diga quantas?
Sim, embromation à parte, esta introdução não é para traçar um paralelo entre a cultura brasileira e a italiana, mas sim para poder explicar porque essa minha preguiça assumida; senhoras e senhores, sou baiana e assumo estar com preguiça...
Nos últimos tempos, venho me ocupando dos prazeres nunca dantes provados, e prazeres que também me foram usurpados e este prazer de escrever esvaiu-se com o cansaço e a vida atribulada de uma jovem advogada oprimida entre os conglomerados que surgem e a lentidão da justiça baiana...
Ora, logo eu que estava sempre disposta, sempre atenta, comecei a desacelerar e comecei a respirar por algum tempo, talvez, depois de ter noção que eu completara 29 anos e ainda não tinha feito tudo o que eu prometi a mim mesma, parei para avaliar minha vida e meus parâmetros.
Com certeza, ninguém vai ler o que eu escrevo, não tenho espectadores/leitores e meus queixumes se equiparam ao do velho e amaldiçoado Nietzsche, que sempre profetizava que seus livros seriam cultuados anos depois de sua morte; não possuo sua tão brilhante genialidade, mas como ele, sou libriana e possuo complexo de deus, que me mantém viva e ativa, com aquela empáfia que nos é característica, pois alguém no futuro, há de ler meus " queixumes", nem que sejam meu filhos ou netos( é, isso, tudo bem, você aí no futuro?) , pois bem.
Por que desacelerei?É o que me pergunto todos os dias, e me pergunto também se ver a vida passar é vida...Voltei às coisas simples para entender as mais complexas, ando na rua de dia, meditando sobre a vida e nessas horas eu gostaria de ter um gravador de memória, pois meus pensamentos talvez sejam melhores, mais refinados.
Eu parei de fazer as coisas nas quais não encontrava sentido e parei de tentar agradar as pessoas, um vício antigo, não se pode ser adorado pelo mundo inteiro, isso não existe. Apartei-me de mim, dei "um tempo"- como nós dessa geração dizemos- e agora talvez eu esteja voltando, talvez não.
Deixei a preguiça se instalar, mas não com o desleixo e a omissão, eu a convidei para entrar, arrumei seu lugar em minha mesa, em minha cama e em meu coração...Coração preguiçoso?O que é isso? Talvez seja aquele que não tem pressa de amar, não tem ansiedade de prender-se e, ainda esteja se reestruturando, se reconstruindo, ahhh preguiça!
As pessoas tem um estereótipo do baiano, coisa de "ismo" e de "ista", porque se alguém vier na Bahia, "verá que um filho teu não foge à luta", verá que todos nós trabalhamos e muito!Verá que apesar de plantarem essa idéia peçonhenta, o baiano é bom mesmo em organizar seu tempo, e como sua prioridade é "curtir a vida", ele se organiza a fim de ter tempo livre para ir nos ensaios das bandas, caminhar na praia e tomar umazinha com os amigos.Certa vez eu li: tempo é prioridade!Essa é uma verdade indiscutível e, como a prioridade do pessoal de outros estados é só trabalhar para pagar o alto- custo- de-suas- vidas, eles só trabalham!Pronto!
Mas, eu estou mesmo para o estereótipo inexistente...Eu me tornei preguiçosa!Passei a degustar o dia, a apreciar a noite e olhar mais para as paisagens, mesmo com toda a violência e caos urbano, eu admirei minha Bahia com olhos diferentes e procurei guardá-la em meu coração, atentando para sua beleza e sua feiúra, sua descaração e sua santidade em cada canto dessa cidade de São Salvador!
Do futuro, nada sei, pois andei perguntando se um dia eu ficaria velha aqui.Talvez, eu me mude para outro lado do mundo, talvez, eu more ali no "Caribe brasileiro", lugar do qual não escondo admiração, mas, meu caso de amor com esta cidade, me fez ficar mais preguiçosa, porém mais profunda e menos tensa, talvez mais madura.
Eu aprendi a palavra pigrizia, porque ela agora não é uma desculpa para protelar determinantes e objetivas resoluções, mas é a coisa mais sensata que fiz: pois me afastei de meu eu, acelerado, descompassado, inseguro.
Não vou enumerar, mas eu tenho passos, para cultivar minha preguicite: ligue o rádio, coloque o chinelo, ande até padaria, tome café( lá , é claro), leia o jornal...Mas, como vou fazer isso?Eu trabalho que nem um condenado!Tsc, tsc, um dia você pode ter preguiça, talvez seja no Domingo, mas é um luxo necessário!
Acho que escrevi demais, mas eu volto. Se não me der preguiça, é claro!
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