domingo, maio 24, 2009

Esmola: prá quê te quero?

Hoje ao passar por mais um semáforo, presenciei algo que se torna cotidiano, ordinário, ou como dizemos em nossa gíria: faz parte...
Não deveria ser normal ver crianças, crianças mesmo, muito pequenas, desnutridas e em fase escolar fazendo malabarismos e pedindo esmolas. As crianças estão fazendo malabarismos com côcos vazios, cacos-símbolos do nosso turismo tão bem mercantilizado. Um homem num carro de luxo, bonachão e preguiçoso ergue sua mão e presenteia a criança com algumas moedas, todo mundo já traz algumas prá quando essas situações de "flanelinhas” ou “esmolés” acontecer... Claro! É algo perfeitamente comum, tão comum quanto estacionar o carro, tão comum quanto escovar os dentes enquanto é noticiado que mais uma casa caiu nas encostas dessa cidade feita de “papel e cuspe”.Eu sou particularmente contra dar esmolas. Existem exceções, calma, não me venha chamar de avarenta ou nada-cristã, pois sou extremamente religiosa e a caridade deve ser exercida com responsabilidade, nos tempos atuais.Porque as pessoas ainda pensam que vivem na Idade Média, quando ser marginal era realmente difícil, praticamente até a geração de netos, uma pessoa reaver uma posição digna na sociedade, era impossível.Você sabe o que sua culpa faz?Cria gerações de crianças pedintes, pois, você, meu caro quando pensa “coitadinho dele” não está pensando com compaixão e sim com pena, sentimento desastroso da humanidade, pois diminui o seu semelhante através da culpa, por saber que indiretamente ao tirar aquelas participações nos lucros do seu empregado, você faz com ele pague menos a moça que faz diária, conseqüentemente ela não dá conta das despesas em casa e acaba criando um marginal ou um pedinte...
Se uma pessoa tem fome e alega não poder comprar comida ou remédios, por que não se dirigir a um supermercado mais próximo, ou farmácia e comprar o que o pedinte necessita?Você acha que está ajudando distribuindo algumas moedas no semáforo?Essas crianças crescerão pensando que dinheiro é algo fácil ou então acharão que qualquer coisa sem técnica e com improviso pode gerar dinheiro, como prostituição, tráfico, assaltos...
Gostou? È isso que a sociedade civil brasileira vem criando. Nós reclamamos que os outros países são emocionalmente mais frios, que não demonstram afeto facilmente, enquanto nós somos mais humanos... Humanos? Que calor humano é esse que deixa uma criança torrar embaixo de um sol de 40 graus fazendo-se de artista de circo, enquanto a família de classe média vai para uma churrascaria?Nossa sociedade civil é uma vergonha, nós estamos acostumados a esse individualismo notadamente brasileiro, não sei se posso dizer sul-americano, que nos faz pensar primeiro no “eu”, depois no “eu” e terceiro no “eu’, só por precaução. Queremos que o governo tome providências, mas o governo não resolve tudo não! O brasileiro é acostumado a culpar o governo, quando, em cada quarteirão, se todos ajudassem o menos favorecido, essas situações não aconteceriam. E o que fazer com uma aglomeração de menos favorecidos? Um movimento. Só mesmo a união de várias forças para fazer isso. Poré, eu sou evangélico e ele é católico, se fosse meu irmão da comunidade...Não vou discutir isso de bairrrismo religioso, ou se você é Bahia ou Vitória, ok?
Com certeza, vai ter aquele menos favorecido intelectualmente que vai dizer “ ah, mas pelo menos eles estão fazendo algo como um trabalho!Melhor do que só pedir ou roubar”, pois é.E desde quando criança trabalha?A não ser aquela menina do SBT, a criança deve brincar e estudar.Se eles querem fazer malabarismos, acham isso bacana porque não é criado um programa para torná-los futuros atletas?Quem sabe se tornarem estrelas como aqueles do Cirque de Soleil?Dar esmolas sem ser consciente, não é ato de caridade, mas sim ato de extrema crueldade com o futuro, pois você está condenando alguém que poderia perceber que é melhor ir estudar e alcançar algo melhor; e se não tem nada prá comer, a culpa não é só do governo, mas também de um processo social que vem desde a abolição da escravatura: é nossa culpa.

domingo, maio 10, 2009

O drama da mulher moderna ou não...

Hoje é dia das mães: mais uma data capitalista que nos força a sentir complexo de culpa por não termos dado atenção a nossas mães nos últimos tempos e/ou ter ignorado seus conselhos...
Ontem ao passar por uma loja de chocolate quase gastei o equivalente a vinte caixas de bombom da marca mais vendida (não vou aqui citar marcas porque você deve imaginar qual eu estou falando) e, me perguntei: “bem, eu poderia dar para minha uma caixa de bombons toda semana durante meses”!Desisti, pois pensei que a minha mãe não pode comer tanto chocolate, pois anda fora de forma e isso seria um duplo complexo de culpa. Então, que tal flores?Ano passado eu quase surtei com a entrega de um ramalhete de roas vermelhas que foi disputado, acho que havia até quem estivesse dando lance por ele, por isso, resolvi antecipar a compra: porém, percebi que entregá-lo seria mais difícil do que eu poderia pensar, pois moro em Salvador e minha mãe mora em outra cidade... Mais uma vez, desisto do meu plano.
Maio para mim é um mês realmente penoso porque além dos dias das mães, tem o aniversário da minha mãe e sempre tenho duas ou mais pessoas que conheço casando... Em junho, acho que meu cartão de crédito deverá ficar guardado na gaveta e ainda bem que não gosto de festas juninas porque o prejuízo poderia ser bem pior!Ao contrário da maioria que fica triste e nostálgica no natal, eu não gosto da época do São João e, geralmente me isolo do mundo...
O cerne da questão, porém não é este.As pinceladas sobre o dia das mães, foi só uma embolação introdutória para falar de um fantasma entre as mulheres modernas: ser ou não ser mãe.
Eu confesso que estou na idade em nos sentimos vulneráveis a essa paranóia e sempre que medito sobre o assunto tanto me manter calma para não surtar... Estou lendo aquele livro campeão de vendas (mania atual é ler tudo que é mais vendido, golpe de publicidade fabuloso para vender milhões), porque sempre alguém fala ou conversa sobre o livro e quando você diz “ainda não li” parece ser o último dos seres humanos: foi assim com o fiasco do Marley, do Caçador de Código ilustrativo da Vinci (quem não sabe nada sobre are ou estória dar arte fica meio perdido); assim estou lendo aquele livro daquela americana magrela que viajou três países com I e confesso que às vezes tenho raiva dela, às vezes me solidarizo com suas confissões.
Entre elas, a dúvida de ser ou não ser mãe. Ela descreveu que jamais seria mãe, ainda não li o fim, também não sei se a autora é ou não mãe, opõe sei é que a achei vazia nesse momento.
A maioria das mulheres da minha geração está vivendo o fenômeno contrário ao de suas mães: talvez daqui a 30 anos, algum sociólogo estude ou crie a tese que separa esse omito histórico que vivemos; as mulheres conquistaram seu espaço, abriram mão de sua ocupação tradicionalmente de mãe e muitas hoje já optaram em não procriar.
Hoje, o tempo passa depressa e percebo que as mulheres de trinta não são as mulheres que dizem ser, são meninas despreparadas e que muitas vezes tentam passar maturidade, mas se perdem em suas conveniências, nas exigências de uma família tradicionalmente patriarcal e machista, e acabam fazendo casamentos, destruindo suas vidas, tudo por medo da solidão e/ou rejeição.
Quantas amigas eu não vi casarem com o primeiro príncipe “fajuto” só porque já se consideravam titias ou porque não achavam coisa melhor?Quantas continuaram suas vidas com aquele encosto de “namorido” que só as fizeram (e as farão ) sofrer porque tinham medo de passaram a “época de fogo” a sós?
A maioria de minhas amigas está preocupada porque ainda estão perambulando pelos barzinhos da vida, em busca do homem perfeito (que não existe) e se queixam que querem ter filhos, mas o tempo está passando e nenhum candidato aparece e...
-Por que não adotar uma criança se você tem tanta vontade de ser mãe?
-Mas, amiga, é uma responsabilidade muito grande!
-Casamento também não é?
-Ah, mas pelo menos o pai poderia assumir metade da responsabilidade, né?
-Ele pode sim contribuir para oferecer referenciais, é importante, eu admito, mas quantas crianças não foram criadas sem pai e foram seres humanos excepcionais, que falar das viúvas e mães solteiras?
-É...
-Então?
-Hummm, acho que é muito cedo prá isso...
-Ok, quando você tiver 50 talvez, né...
As mulheres querem o que nossas avós tinham de graça: pretendente. Óbvio que a sociedade mudou, os tempos mudaram, hoje a solteirice é bem mais atraente( principalmente para os moiçolos que continuam- mesmo com umas ruguinhas no canto do olho- a usarem camisa colada, malharem compulsivamente e irem prá balada pegar as menininhas de 20, no auge dos seus 40...).Infelizmente o bicho homem pode ter filhos até mesmo sendo um senhor caquético e eles, sabem disso muito bem.Infelizmente, o relógio biológico para com nós mulheres é implacável: um dia acordamos com 15 e outro dia não conseguimos dormir porque já temos 30...
Aliás, é triste é a ironia da vida. Qual a semelhança entre um eunuco e uma mulher que não pode mais ter filhos?Os dois podem ser bem submissos...
Antes de tudo quero esclarecer que não sou contra casamentos... Um leitor assíduo pode pensar que sou feminista ou que sou aquela militante radical que acha que as mulheres devem ser uma das personagens de sexy and the city, porém não sou assim.
Como a maioria das mulheres , sou romântica incurável sonho com meu casamento, porém não descarto a possibilidade de não vivê-lo.Eu tenho comigo meu plano B: e filhos, naturais ou não pretendo tê-los.
Aumenta a incidência de mulheres solteiras com crianças adotadas: venho percebendo através da convivência que muitas mulheres não conseguiram estabelecer a família tradicional e partiram para continuar sua estória com uma prole adotada.
Não é a síndrome da Angelina Jolie (se toda mulher depois que adotasse um órfão encontrasse um Brad Pitt, acho que não existiriam mais crianças de rua!), antes de todo esse boom de adoções eu já tinha isso em mente e, mesmo que eu tenha filhos naturais eu virei a adotar pelo menos um.
Hoje uma grande amiga de adolescência está com sua cria em casa, passando primeiro dia das mães amamentando, já que ela deu à luz faz pouco, só dois dias!Mas, esse fato me fez voltar a escrever e pensar: porque alguém não ia querer ter uma criança?Qual verdadeiro o dilema da mulher moderna: ter filhos ou não ou simplesmente não saber qual o papel que desempenha na atual vida moderna, já que ordem natural das coisas vem sendo mudada?
Que cada balzaca responda ou se cale para ouvir os sobrinhos...