sexta-feira, março 16, 2007

Livros, uma culpa necessária

No meu horário de almoço eu tenho a mania de parar numa livraria e ler um livro diferente, muitas vezes volto para ler o mesmo: infelizmente ler no Brasil é coisa de rico, de gente que não precisa “labutar” todo dia, e cada vez mais o cidadão que poderia ter acesso a mais cultura, se vê afastado por mais esta “segregação literária”.Às vezes, a gente se sente até culpado em comprar...Mas como?Explico seu doutor: entre numa livraria e pergunte se uma pessoa pobre teria coragem de dar 95 reais num bom livro.Eu acho que ela prefere juntar esse dinheiro e aumentar sua cesta básica que já é tão “fulêra” que qualquer centavo, quanto mais, uns 95 reais que ajudam e muito!E veja você que o papel que é utilizado para impressão de livros é isento de impostos, imagine se não fosse...Aqui no Brasil, eu percebo o quanto ainda temos que evoluir e sinto um desânimo natural pelo excesso de coisas incorretas, imorais, e que desperdiçam tanto o recurso humano disponível quanto a riqueza ambiental que possuímos; bem, continuo na seara dos livros chamando atenção para um e-mail que li falando sobre as escolas do exterior e que traçava uma comparação muito pertinente.Nossas escolas todos os anos exigem listas e mais listas de material escolar, sendo que os livros são os mais caros itens, entretanto nas escolas do exterior tanto a rede privada como as particulares possuem livros permanentes, ou seja, o livro fica na própria escola e passa para os demais alunos que virão no próximo ano, o estudante estrangeiro não carrega peso, conseqüentemente não terá problemas de coluna (eu sou uma vítima de mochilas pesadas...), além do que não terá um custo exorbitante porque os livros já estarão a sua disposição na escola. Infelizmente, no nosso país as editoras são as responsáveis até mesmo por este caos, esta crise na educação, afinal raciocine comigo: se elas não cobrassem tão caro por estes livros, certamente, eles seriam mais facilmente disseminados dentro da nossa sociedade. Além disso, eu acho super correto o que a maioria das editoras estrangeiras faz, pois estou lendo um livro de uma universidade espanhola sobre Niesztche e o livro além de ser de fácil transporte é confecionado com papel reciclado, algo tão necessário hoje em dia!Bem, você pode até dizer, que os livros estão sendo feitos de madeira própria para estes fins e que nenhuma floresta está sendo derrubada, mas como é que fica o papel que já está sendo produzido?Vai ser entulhado, vai parar nos aterros públicos?Infelizmente no Brasil a reciclagem ainda é abaixo do que produzimos.Ademais, as escolas públicas que contratam com estas editoras (licitações duvidosas como sempre) pagam caro por algo que nem sempre é repassado para o aluno.Isto eu testemunhei pessoalmente, pois já vi várias e várias escolas que não distribuem os livros para seus estudantes, um absurdo e acho que estas diretoras deveriam ser punidas; quer coisa mais absurda do que aquele caso de que os livros foram vendidos para serem reciclados e não foram sequer abertos, enquanto os pobres estudantes se revezavam para aprender algo com o livro que era divido entre dois, três coleginhas?
Eu até comecei a fazer um desabafo, mas na verdade eu vim falar do quanto é inusitado como conhecemos as pessoas e isso sempre acontece comigo.Estava eu na Siciliano quando comecei a falar sobre revolução de 30 com um senhor que afirmava ser descendente de cangaceiros e que estava pensando em escrever a estória de sua família.Conversa vai, conversa vem, acabamos falando sobre o que você possa imaginar: de Terapia de Reiki até o DVD do The Corrs (e não é que cada vez mais o povo me surpreende? O homem era apaixonado pela vocalista da banda que realmente é linda e tem uma voz belíssima).Mas, o mais engraçado é que existem pessoas que não possuem “simancol” e percebem que mesmo te atrapalhando a leitura, continuam conversando.Ele só faltou perguntar por que o céu era azul...Óbvio que eu tive que sair pela direita, como fazia o leão da montanha famoso personagem de Hanna-Barbera, se não seria capaz de ele perguntar sobre todas as obras que existiam naquele recinto. Não que fosse uma pessoa desagradável, mas eu é que sou por demais “amável” e acabo não sendo ríspida como deveria ser dizendo “pow, eu só tenho esse tempinho para ler este livro que não tenho coragem de comprar agora”.Apesar de não deixar eu continuar o livro que foi interrompido na página 22, eu, pelo menos, consegui um cliente: afinal, ele deve ter um fator hereditário do cangaceiro- avô, gosta de uma confusão.Que não sejam das penais, pois delegacia é só para casos de parentesco em 1° grau e raramente alguns colaterais.





Nenhum comentário: