terça-feira, agosto 09, 2005

Até um certo tempo atrás eu detestava a autopiedade (se estiver errado, não vou ligar...) . Eu tive um namorado que seria “ela” em pessoa: ele adorava se lamentar, se lamuriar, mas nunca percebia que estava num vício, que acabava por desfazer toda a sua expressividade, seu carisma. Ele costumava encher a cara, gastava todo seu dinheiro com futilidades e antes do fim do mês, já estava no vermelho. Depois disso, ele resmungava que o mundo era um lugar miserável, que todo mundo só queria saber dele quando tinha din din, brigava com pai, mãe e até eu, que ele não merecia passar por aquilo, que ninguém respeitava ele... Ou seja, ele adorava sentir aquilo, na verdade, ele conseguia mais atenção, pena, compaixão, assim, ele ilusoriamente “era querido” por todos. Mas, o que ele não percebia é que a autopiedade acaba trazendo parentes tão “filhas-da-mãe”, que ele, certas vezes fazia gato e sapato dele mesmo: ora, o cara não tinha auto-estima, amor próprio, nem respeito com aqueles que o “queriam”...
Várias vezes eu critiquei o cara por ele “sentir pena dele mesmo”, hoje, eu vejo como isso é impactante, como te destrói: porque uma pessoa que se sente perseguida pelo mundo, acaba criando verdadeiras muralhas para não crescer não evoluir, para não alcançar algo melhor. É algo do tipo “ah, eu estou sofrendo tanto, não vou me acabar para fazer isso, ou não estou preparado, já sou um pobre coitado vou me ‘lenhar’ ainda mais"...
Eu passei um tempo assim, e comecei a achar desculpa para não viver. Pela primeira vez - porque sempre fui rígida demais comigo, nunca senti pena de mim mesma- eu afrouxei o laço até demais. Agora percebo o quanto é vicioso você ficar com pena de você mesmo, é uma das piores drogas internas, a gente sempre deixa as coisas pra lá, espera um milagre do céu, não faz nada por merecer e internamente você acaba se odiando. Não quero sentir pena de mim mesma, porque já tive tanto motivo para “me fazer de coitadinha” e não o fiz, agora depois de marmanja é que vou desviar? Corta essa, eu não sou parente do Hardy, para repetir todos os dias “oh, vida, oh, azar..”
Ah, cansei, foda-se!!!Eu também tenho meu momento de fraqueza, mas não vou me abandonar. O que quero é respeito, não quero pena, por isso consegui sair desta porra de autopiedade!!!
Apaixone-se por você mesmo, antes de tudo. E tenha piedade, piedade daqueles que não têm culpa de sermos tão impiedosos.

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