Caminhando pelo sol ainda escaldante um moleque, mais ou menos com seus onze anos de idade me pergunta:
-Moça, vc tem problema na perna?
-Tenho...
-Por que não pega uma bengala?
-Melhor não responder...
Eu poderia ter mandado o guri para o diabo que o carregasse, mas minha expressão sarcática foi mais redundante do que qualquer julgamento.Ele esperava um palavrão, eu não devolvi...
A Pólio deixou uma seqüela em mim, mas não dessas que muitas pessoas se queixam e se acham diminuídas, frustradas e até mesmo encabuladas para tratar do assunto.Eu não podia fazer um esporte radical como surfe, como eu sempre quis, mas também foi falta de empenho( afinal existem pessoas com problemas maiores e que são verdadeiros heróis na superação de suas limitações), não pude fazer ballet, mas não deixo a desejar na pista de dança se rola um som legal( aliás eu sempre fui a Dancing Queen da música do ABBA)... A doença só evolui se você deixar que ela limite não o seu corpo, mas as expectativas que você tem dele.
Eu até já caçoei muito de mim( aliás eu mesma me dei o apelido de "Perninha" no escritório), na adoslecência é que foi meio brabo encarar que todas as meninas usavam shorts curots, saias minúsculas e eu não queria sair do par de calças...Até que uma amiga minha tirou esse complexo da minha cabeça e ainda me elogiou " dizendo que eu tinha as coxas mais bonitas que as dela".Desde então, eu sei que mesmo andando "esquisito', não tenho problemas com a seqüela, mesmo sabendo que um dia vou ter de operar, algo que ainda não fiz por pura opção...
A única seqüela que a Pólio me deu foi um calo na consciência.
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