sábado, março 18, 2006

Li num blog de um amigo meu o que ele comentava sobre a morte. Tenho até evitado falar sobre ela, já que nesse mês um colega querido faleceu.
Quando eu era criança eu tinha um verdadeiro pavor da morte, porque achava que não era justo morrer depois de experimentar tanta coisa boa, eu questionava Deus e apenas tinha sete anos quando comecei a ter um pesadelo que se repetiu até os quinze: eu sempre via o meu enterro, mas não via pessoas de minha família e para piorar tinha a sensação de estar sendo enterrada viva, ou seja: eu via tudo de lá de dentro do caixão... Pode parecer macabro, mas algo que para mim foi aterrador durante anos, hoje não mais me assusta.Eu tinha medo de morrer, não queria a sensação de ser lançada no “nada”( como se o nada fosse um lugar, veja só que piração), de não mais viver e apagar lentamente...Um dia minha mãe me ensinou a rezar para meu anjo guardião e durante algumas noites até que passou, porém os pesadelos seguiram com mais detalhes.
O que quero transmitir com estas palavras é simplesmente a sensação que eu tinha em relação à morte: de total desespero como se estivesse num “deadline” que não sabia nem qual era o término, com o agravante de que eu cresci dentro de uma educação Católica- a idéia de inferno, purgatório, etc.- pois eu sabia até para onde ia se morresse criança: para o limbo.
Entretanto, quando nos preocupamos com a morte e o quanto ela nos assusta, não percebemos que somos egoístas. Depois que parei de temer a minha morte ( afinal descobri a diferença entre não aceitar e não entender) comecei a reparar mais nos outros e no que se vive do hoje, o quanto a morte é devastadora para quem fica e até mesmo me preparo para que qualquer um dos meus queridos se vá.Também parece algo meio “ absurdo” mas é uma forma de você dar valor ao que você tem agora: sua família, seus amigos, sua namorada(o), até mesmo seu bicho de estimação, enfim a todo ser vivente que o cerca.Preocupamos-nos demais com o nosso envoltório, que ficará. O que há de ser feito com ele é como bem disse Marcel explicando a “reciclagem”, o que não se perde na natureza;virar comida de minhoca não parece uma idéia razoável, mas se você pensar que na verdade seu corpo é só um recipiente e que o importante é o líquido( alma), verá que depois de nos desprendermos dele, não somos mais aquele corpo.É comum um dente que cai, uma unha que se parte: um dia fez parte do conjunto; quando partimos não mais.
O que me preocupava na morte era justamente para onde iria tudo que consegui compilar nesta vida: meus sentimentos, visões, sensações, para onde iria meu “eu”, minha alma, minha essência e sempre achei que Deus jamais faria algo com tanto esmero para simplesmente destruir, condenar, fazer desaparecer.
Sou kardecista e antes disso, não me encontrei em nenhuma das religiões que cheguei a estudar, pois todas elas não me deram uma lógica para entender a morte e nenhuma delas colocou-me em uma situação tão próxima de entender os desígnios do Criador. Com isso, não digo que não aproveitem suas vidas aqui, não!Estou confirmando o que meu amigo disse: nosso corpo é aproveitado, assim como nossa alma (ele só se equivocou ao dizer que ficamos perambulando por aí, nem todos...). O que tememos é o fim, mas é natural do ser humano. Deus é Perfeito, e nos faria como a forma mais perfeita em nossa geometria, como o círculo que não tem fim e em vários círculos que se conectam temos o Universo.

A morte só existe para aqueles que acreditam na “cegueira da visão”, pois não podem visualizar um mundo além deste. Eu sei porque sou testemunha.



Geraldo, amigo, que o Mestre te envie a Divina Luz e o tenha em sua Infinita Misericórdia.

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