quarta-feira, agosto 30, 2006

Mariage


A prudência não cabe mais em meu corpo
meu vestido morto transparece a hipocrisia
meu vestido branco inundado de desejo
desespera uma inocência tardia

Não roubei a luz do sol
para me trancafiar numa torre
não chorei meus pecados, nem arrumei minha mala
não exterminei meu passado, nem quis o "que eu queria"
quiseram por mim...
não descobri a lua, mas na areia me vestia

O mar conversava enquanto umidecia meu espírito
dançava o sorriso no espelho, num futuro quase satírico
encontrei girassóis carregados pela luz
eo vento de vidro que castigava minha face
enquanto eu estendia roupas no azul do rol
sussurava em meu ouvido promessas de desenlace

Desnudavam minha alma enquanto me olhavam nos olhos
cerravam a desconfiança na maturidade
construíram tetos de vidro, casas para os anjos
esfacelaram a verdade.
E nos fizeram roupas.
esconde tua vergonha num pedaço de pano
esconde tua ira num corpo acetinado
num terno abrilhantado pela falsidade

Meu vestido branco não me trouxe paz
as valquírias andam nuas, as vestias cobrem-se
com sapiência
e meu vestido morto não me trouxe paz.

Não renasceu com o amanhecer
não assobiou como o mar
não refletiu a beleza da lua
não trouxe beleza para minha alma
apenas enfeitou os olhos de cobiça
afagou a vaidade e se deitou com o desprezo
não roubou a festa, não dividiu atenções, não encantou minhas visões
apareceu deslocado diante da mácula de cores
nem mesmo afastou minha prudência.

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