segunda-feira, setembro 11, 2006

Esses eu recomendiú!!!

MATCH POINT

Um amigo meu disse que o apartamento de Scarlet Joahnson, seu figurino pareciam comigo, então num sábado sem nada para fazer fui alugar este filme de Woody. Filmado em Londres, as paisagens não mostram a Gray City que costumamos ver, mas sim paisagens outonais, douradas, ele bem que cuidou disso!Eu já tinha prometido a mim mesma_ é, prometo sempre a mim mesma ver um bom filme toda semana-estava louca para ver este longa.
Para falar a verdade, não vou com a cara do ator principal que parece um garoto propaganda da Hugo Boss (aliás, parece que fez até uso de restiline, sei lá como se escreve, aquele troço que usam para inflar os lábios): tenista-profissional-alpinista-social “como ele mesmo definiu” tornou-se marido de uma mulher ricaça, inglesa, detestável que parece criança quando quer ir ao banheiro “oh, por favor, por favor” (voz chatinha...).Então, aparece à luxúria!A mulher blondès, americana, toda “uda”, atriz, instigante, bingo!Ferra com tudo...Luxo ou luxúria?Conforto ou aventura?No Match point da vida difícil o momento em que temos noção de que não controlamos certos acontecimentos, um questionamento da sorte e do acaso.E Woody Allen merece ser aplaudido de pé, pelo final e pela trama que parece mais uma “estorinha convencional” e termina sem esse adjetivo. Maravilhosos cenários, trilha sonora espetacular.Surpreende.

AS HORAS

Criei uma expectativa tão grande sobre o filme, pensei até de me frustrar, mas isso não aconteceu.O elenco é ma-ra-vi-lho-so!Imagine Meryl Streep, Jullianne Moore,Nicole Kidman, Ed Harris, Toni Collette, todos juntos num filme, que responsabilidade!Kidman esteve maravilhosa como uma das escritoras que mais me instigam: Virginia Woolf.E como todo mundo tem medo de Virginia Woolf, até mesmo sua voz narrando os acontecimentos passados e futuros, sua forma de redigir que revolucionou uma geração foi tão bem colocada que até hoje me encanto com o filme: é um aspecto mais íntimo mais centrado em sua obsessão por terminar seu livro e continuar lúcida. Ela teve uma atitude corajosa, não que eu assine embaixo de seu suicídio, mas a escolha de não permanecer mais neste mundo sendo tragada pelas intempéries de sua insanidade, não é para qualquer um.
Ed Harris dá um show.Aliás, todos.O filme é cheio de cenas em que você prende a respiração, pensando no mais trágico, se envolve com os personagens e tudo que vem do passado ecoa sinfonicamente no futuro.
O visionário de vê morrer: é uma das frases do filme, mas é uma mensagem de ontem e de sempre, afinal todos eles são as vítimas de suas idéias revolucionárias.Virginia decide pela lógica e não pelo óbvio que seria a Mrs.Dalloway, entediada, encobrindo uma vida quenão é sua.Sublime edição e pelo livro sei que não foi fácil - e ademais, fazer par com um livro de Woolf, resgatá-la para os dias atuais, pior.Preciso urgente comprar As horas!Pesquisa de figurino, o cuidado com a fotografia em épocas distintas, a conexão que aparentemente é só um livro, desemboca nas horas de um dia, algo universal onde todos nós nos encontramos e nos identificamos, quando perdemos nossas identidades.Perfeito.


RÉQUIEM PARA UM SONHO

Não apostava muito nesse filme e o desprezei durante algum tempo.Alguns chamam de terror urbano, classifiquem como queiramos críticos, mas isso é mais do que um mero conto de exagero do mundo das drogas acontece e todo dia. Cru, impiedoso, hipnótico, a trilha dá até agonia e você nunca vê a peça clássica, o tal Réquiem...
Com Jared Leto (aquele que foi amante de Alexandre, com Collin Farrel), que parece o vocalista do Gorillazz (hahaaha, depois você me diz se não é verdade), Wayans( aquele da seqüência de todo mundo em Pânico) primeiro papel que achei relevante em sua carreira, e a senhora que faz a mãe dele, nossa, que memória a minha...Bem, também, não posso lembrar todos os nomes senão não escrevo: ela deveria ganhar todos os prêmios de atuação por essa película, ela é sensacional!
O ângulo de fotografia é mudado como se fosse a percepção dos personagens e você vê as distorções e quase se sente na pele deles, as cenas de consumo de heroína, por exemplo, são muito bem feitas melhores do que se fossem pelo ângulo do diretor ou de que está vendo o filme!O efeito é maximizado na tela e o resultado é fantástico em termos visuais, como costumo dizer: lisérgico!
A seqüência final corta sua respiração.Aliás, todo mundo deveria ter um desfribilador do lado, pois captar a sensação de raiva-angústia-medo-ojeriza-loucura-terror tudo ao mesmo tempo, mata qualquer um do coração, porém como condutor na sua obra-prima o jovem diretor nos leva ao ápice e depois ao abismo quando finalmente executa-se réquiem para aqueles que deixaram de viver e prosseguem com os efeitos trágicos de sua inércia ante aos sonhos, ou sua tentativa frustrada e brusca de contorná-los pelo “caminho mais fácil”, todos consumidos pela atual sociedade, apenas subprodutos da desentregada família americana.
Detalhe: Juice by Harry - frase que se repetia no programa de TV preferido da mãe de Harry-Jared Leto - no filme e que não quer sair da minha cabeça, alienação pura!

LOVE, LIZA.

Acho que Philip Seymour Hoffman é um dos maiores atores dessa geração, parece frase clichê do “Do Domingão do Sacão”, mas não é. Ninguém dava nada por ele, pelo gordinho sacana - perdoe a falta de modos, mas é o único termo que me vem à memória - de Perfume de mulher, lembra disso?Pois é, ele pode até ter passado desapercebido, mas quando comecei a pesquisar desde Capote, o cara tem uns filmes bons, fora o fiasco com Tom Cruise, mas deixa para lá (maldição do Tom...).
Bem, retornando, eu quero falar de Love, Liza, atuação é impecável: ele faz tão bem o papel ridículo, cheira gasolina, faz todo tipo de loucura, se abandona total, mas tudo tem um fundamento: sua esposa se suicidou e lhe deixou uma carta.O medo de descobrir algo terrível faz ele viajar com essa carta e não consegue abrir a dita cuja nem por decreto: durante todo o filme ele se atormenta por não ter coragem, por não querer sofrer mais.È um filme sobre escapismo, sobre o vazio e seria pesado e chato demais, não fosse a parte cômica e a trilha sonora que abrandam o clima.Fotografia linda, e você pensa que o abismo dele está tão perto que não sabe que horas o filme termina e nem como, é uma estória sobre difícil caminho de reconstruir uma vida, a tal da resiliência.

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu também adorei "As Horas"...um filme para ver, rever, rerever !!!!!
Tenho o livro tb!!! Maravilhoso!!!!
:)
Beijossss