No Domingo, eu, meus pais e meus irmãos costumávamos sair de manhã cedinho, pegávamos o carro, ganhando o estradão, rumo à praia. Minha mãe sempre preparava uma cesta de café da manhã e levava também todas aquelas “tranqueiras” de criança (baldinho, pá, cadeirinha, bóia) no porta-malas do carro, um gol branco que o meu pai tinha na época. A gente parava no meio da viagem, do caminho e tomava café num lugar estratégico, uma clareira na margem da estrada, meu pai sempre sabia onde era, nunca errava e quando tinha outra família lá, a gente sempre dizia “pôxa, roubaram nosso lugar secreto pai!”...Não que fôssemos anti-sociais, mas todos nós, até mesmo as crianças conseguíamos entender que aquele momento era só nosso, nossa intimidade como família, curtir as besteiras que a gente fazia, rir de meu irmão Luciano falando errado, dar migalhas de pão para as formiguinhas carregarem, tão gostoso...Meu pai dizia que a gente tinha que respeitar todos os bichinhos, até mesmo os insetos, porque cada um tinha seu papel no mundo.Eu e meu irmão Léo tínhamos cadeirinhas do nosso tamanho( a minha existe até hoje), e costumávamos “tirar onda de gente grande” tomando café em canequinhas com nossos nomes, dávamos “tchau, seu babão”, quando alguma criança ou adulto passava de carro, olhando a gente tomar café, depois caía na risada, aquilo era o máximo para uma criança...Depois, a gente arrumava tudo, catava o lixo, e íamos para uma praia que apesar de ficar distante era mais família, a linda Guarajuba. Hoje, paraíso dos artistas, ontem privilégio de poucos que tinham carro para ir.Viajar em família, é o máximo.Eu implicava com seus irmãos, cantava músicas da escola, meu pai cantava música do Roberto Carlos( a gente apostava quem cantava até o fim com ele), aquele vento gostoso, toda hora a gente dizia um para o outro “tá chegando,tá chegando, tarará”, batendo no fundo do carro.Sinceramente, não sei como meus pais tinham paciência com três pestinhas como nós.Só lembro do meu pai sorrindo e minha mãe mostrando as coisas que passavam na estrada.Quando a gente chegava era uma festa, meu pai ia encher bóias, a gente só queria cair na água, minha mãe levava até guarda-sol, passava hipoglós( ai que vergonha, mas fazer o quê? Naquele tempo não tinha tanta opção de protetor solar, médico recomendava isso...) que eu odiava, e a gente tirava tanta foto, meu pai construía castelos de areia com a gente, ensinava a nadar, apostava quem conseguia ficar mais tempo debaixo d’água, brincava com a gente todo o tempo.E minha mãe, olhava de lá de cima tudo, “dá tchau pra mamãe!”, meu pai se entusiasmava.Sentia que ele amava brincar com os filhos.Quando ele saía da água a gente ficava triste, “pô, pai fica mais...” e ele dizia “agora vocês vão fazer um amigo, vão”.Cansados, depois de ter passado o dia na praia, a gente só queria mesmo era dormir...Voltava todo mundo no banco de trás um escoradinho no outro, sem energia nenhuma.Acho que daí meus pais podiam se curtir mais tarde... A gente viajou muitas vezes, não só íamos no fim de semana para a praia. Quando mudávamos de estado, a gente sempre ia conhecendo as paisagens diferentes, uma prévia do que seria morar num estado diferente do nosso, até meu pai vender o carro. Mas isso já foi quando éramos adolescentes e deu para viver muita aventura durante a infância. Hoje, é dia das crianças. Lembro de todos os presentes que ganhei bonecas Barbie, quebra-cabeças, pega-varetas, Lego, panelinhas, mas nenhum deles chega perto do maior de todos, o de ter tido a melhor infância que uma criança poderia desejar. Minhas lembranças, minhas gargalhadas, tempo de ser feliz e a gente nem tem consciência disso, tudo foi tão maravilhoso!Agradeço aos meus pais, eternamente, esperando também fazer o mesmo pelos meus filhos, quando os tiver. Momento trash ou “Da regressão em grupo”. Depois de a galera tomar muito “pau de rato” (bebida, cachaça famosa, feita de infusão de uma planta), no Cravinho (famoso bar do Pelô, todo estilizado no carvalho, bem rústico), começou a lembrar do sucesso do Menudo... A desculpa era do Acústico do legião, mas daí, cada um saiu cantando sua música preferida dos anos 80, fase que a maioria dos presentes era criança e, tragicamente, apesar de passear pelas músicas do Balão, acabou todo mundo cantando as músicas do trauma de uma geração alienada( eu estou no meio) pela Xuxa...imagine um bando marmanjo cantando “quem quer pão, quem quer pão, que tá quentinho, tá quentinho, gostosinho, gostosinho, quero mais um, MAIS UM”..Hahaha...E nessa empolgação, a gente batia até na mesa, todo mundo numa sessão de regressão, eu acho...Hahaha.O bar todo caía na risada, outros torciam o nariz.A galera cantou todas as músicas do programa do começo até o fim, só não lembrou de uma: aquela quando a nave saía...Estranho deu uma pane em todo mundo. Detalhe: como sempre eu era a única movida à H2O, gaseificada. ou seja tenho mesmo cara-de-pau, porque o resto estava em “água”.Beijo para a galera do Cravinho. |
sexta-feira, outubro 14, 2005
Minha Infância
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Um comentário:
Oi,
Já faz um tempão que não te visito, né?
Mas é q o tempo não estava me permitindo. Tava muito cheio de compromissos e cheguei até a abandonar o meu blog...
Mas agora, as coisas estão retornando aos seus eixos e até crie um blog novo... 2 até...
Dá um pulinho lá q eu até te linkei:
www.tikini.blogspot.com
Bjs
do Guga
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